Nós, da Biofílica Ambipar Environment, temos o prazer de publicar a nova versão de nosso boletim de mercado de carbono. O boletim é trimestral, trazendo os principais desenvolvimentos quantitativos e qualitativos de mercado do último período.
O BOLETIM DESSE TRIMESTRE COBRE
1) Preços e volumes dos créditos de carbono
2) Qualidade dos créditos e integridade de mercado
3) Atualização de mercado regulado de carbono no Brasil
Desejamos a todos uma boa leitura.
Cordialmente,
Time de Inteligência de Mercado
Luisa Cotrim
Especialista de Mercado
Biofílica Ambipar Environment
PREÇOS E VOLUMES
Durante o quarto trimestre de 2023, os preços de créditos de carbono de projetos de REDD+ (Redução de Emissões provenientes do Desmatamento e da Degradação florestal), apresentaram, de maneira geral, relativa estabilidade.
Esse cenário também foi observado ao longo do terceiro trimestre de 2023 e reverte um movimento de queda de preços mais intensa que ocorreu ao longo do primeiro semestre do ano.
DIFERENCIAÇÃO POR SAFRAS
Os créditos transacionados via acordos bilaterais de balcão, cuja média de preço é refletida pelo índice da OPIS, tiveram evoluções diferentes de acordo com suas safras. Safras mais recentes, a partir da 2019, passaram por aumentos de preço ao longo do trimestre, com variações entre 0,8% e 6,6%. Já as safras de 2018 ou anteriores sofreram quedas de preço entre -9,5% e -16,1% no período (vide tabela abaixo).
Os preços de fechamento do trimestre seguem abaixo
(Última atualização - 01/05/2023)
Fonte: OPIS – Global Carbon Offsets Report, data: 28/12/2023 e 28/09/2023, dados referentes ao Tier 3: volumes de 2 mil a 49 mil VCUs;
CBL Weekly Carbon Market Update, data: 26/12/2023 e 02/10/2023
*Refere-se a safras anteriores à 2016
Dessa forma, a diferenciação de preços entre safras segue sendo uma prática notável no mercado voluntário de carbono, com safras anteriores a 2019 tendo um desconto considerável, de mais de US$ 3,60. Esse movimento reforça que parte do mercado segue buscando safras mais recentes de projetos NBS como uma forma de garantir maior qualidade. Da mesma forma, créditos com certificações adicionais de co-benefícios também indicam maior qualidade e fecharam o trimestre apresentando um premium de 2,50 a 3,10 dólares.
TRANSAÇÕES VIA EXCHANGES
Em movimento contrário, o índice N-GEO, que reflete créditos transacionados via exchanges, sofreu forte queda ao longo do período, variando de US$ 2,50 no final do terceiro trimestre para US$ 0,20 no final do quarto trimestre de 2023 – o menor valor observado para o índice no ano. Assim, nota-se uma crescente diferença de preços entre créditos transacionados via exchanges e aqueles transacionados em acordos bilaterais de balcão.
A Biofílica entende que essa diferença também reside no fato de que o mercado comprador está cada vez mais exigente quanto a qualidade do projeto e se de fato este está desenvolvendo suas atividades propostas para clima, comunidade e biodiversidade. O N-GEO não considera o projeto específico que está sendo transacionado naquele contrato padrão, enquanto na compra de balcão, os compradores têm feito diligências variadas para certificar a qualidade do que estão comprando.
APOSENTADORIAS
Com relação a demanda por compensações de emissões, que pode ser indicada pelo volume de créditos aposentados, o quarto trimestre de 2023 foi o período do ano com o maior volume de aposentadorias. Cerca de 25 milhões de créditos de carbono de projetos REDD+ foram aposentados, correspondendo a metade dos 50 milhões de créditos aposentados no acumulado de 2023. Tal volume supera em 47,6% o total de créditos REDD+ aposentados em 2022 (vide gráficos abaixo).
Esse movimento é contrário ao observado quando consideradas as aposentadorias de todas as diferentes categorias de projetos, que caíram 2% se comparados os anos de 2022 e 2023. Dessa forma, as aposentadorias de créditos REDD+ aumentaram sua participação no total de créditos aposentados.
QUALIDADE DOS CRÉDITOS E INTEGRIDADE DO MERCADO
A exigência quanto à qualidade dos projetos é uma tendência que vem sendo reforçada no mercado desde o ano de 2022, em um contexto de escrutínio crescente da mídia sobre a qualidade dos projetos de carbono e sobre a integridade das práticas dos compradores que compensam suas emissões. Diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas para garantir mais clareza e confiabilidade no mercado voluntário de carbono, tanto do lado da oferta quanto da demanda. Durante a COP28, por exemplo, observamos uma coordenação de esforços das principais entidades e stakeholders do mercado voluntário de carbono em torno do aprimoramento do mercado.
Importantes estudos também foram publicados ao longo do ano, concluindo que empresas que fazem uso de créditos de carbono para compensar suas emissões são líderes em esforços de transparência, ambição e ação climática quando comparadas com empresas que não fazem parte do mercado de carbono.
Um estudo publicado pela Trove Research, importante organização que realiza pesquisas de mercado, conclui que empresas que utilizam créditos de carbono estão descarbonizando internamente suas emissões duas vezes mais rápido que as empresas que não usam créditos. Outro estudo, realizado pela Ecosystem Marketplace, chega a resultados semelhantes, endossando a conclusão que empresas que compram créditos de carbono o fazem como parte de uma ampla estratégia climática, que envolve a mensuração e relato de suas emissões, redução interna e, de forma complementar, compensação de emissões residuais.
MERCADO REGULADO NO BRASIL
O ano de 2023 também foi marcado pelo expressivo avanço de projetos de lei que visam instituir um mercado regulado de carbono no país. Um deles, o Projeto de Lei nº 412/2022, foi aprovado no Senado.
Em seguida, o texto foi encaminhado à Câmara dos Deputados, que o apensou ao Projeto de Lei nº 2.148/2015, que já tramitava na casa e versava sobre o mesmo assunto. Assim, no dia 21/12, o Plenário da Câmara aprovou, por 299 votos favoráveis dos 404 parlamentares presentes, a criação deste importante mecanismo para o combate às mudanças climáticas.
Apesar de ambas as propostas (PL 412/2022 e PL 2.148/2015) guardarem grande similitude, pelas regras do regimento interno das casas legislativas do país, o PL 2.148/2015 deverá ser novamente apreciado pelo Senado Federal, antes de ser sancionado e entrar em vigor.
A expectativa da Biofílica Ambipar é que o Mercado Regulado de Carbono Brasileiro seja aprovado ainda no primeiro semestre de 2024, após o retorno dos trabalhos do Legislativo brasileiro. Compartilhamos os principais pontos para a compreensão dos nossos clientes sobre o tema e permanecemos à inteira disposição para esclarecimentos adicionais. Para conferir, basta clicar abaixo.
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